segunda-feira, 29 de agosto de 2011

29 de Agosto - Dia Nacional da Visibilidade Lésbica

Safo e Erina
O 29 de agosto é o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. É uma data que surgiu em 1996 no I Seminário Nacional de Lésbicas do Brasil - SENALE. É um dia muito importante do ponto de vista simbólico e uma data para ser lembrada. É um dia de festa - pelas conquistas alcançadas - mas é sobretudo um dia de luta,  considerando que vivemos em um país que ainda tem muito preconceito em relação aos homossexuais, às lésbicas e às trans. A palavra lésbica vem do latim e originalmente eram as pessoas que viviam na Ilha de Lesbos, na Grécia. 
Bandeira do Orgulho Lésbico
Nessa ilha vivia a poetisa grega - Safo, bastante respeitada e admirada por seus poemas  sobre amor e beleza, geralmente dirigido às mulheres. 
Daí a origem do nome lésbicas para as mulheres que se relacionam com mulheres. 
Ainda existe muito preconceito, estigma e discriminação em relação à homo e bissexualidade feminina, o que leva ao que chamamos invisibilidade da própria sexualidade feminina, como constata o Dossiê da Rede Feminista de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos: Saúde das Mulheres Lésbicas.
Essa invisibilidade ocorre porque vivemos numa sociedade marcada pela heteronormatividade, que considera marginal e diferente as relações sexuais e o amor entre pessoas do mesmo sexo. O documentário do canal por assinatura GNT "Sou Gay e daí?" fala sobre a origem da homossexualidade e mostra que em todas as famílias há homossexuais, só não se fala sobre o assunto.
Ellen Degeneres (Google)
Também é do GNT o documentário "Como Ellen Degeneres assumiu sua homossexualidade". Em 1996 a apresentadora americana aos 37 anos  assumiu a sua homossexualidade em público e criou o talk show The Ellen Degeneres Show. A história é linda, como mostra trecho do documentário.

E desde então, Ellen Degeneres tem sido uma militante da causa LGBT, como se pode ver em vários depoimentos e campanhas pelo fim do suicídio gay nos Estados Unidos.




Íma de geladeira
(acervo pessoal)
Em maio de 2011 no Brasil, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união civil entre pessoas do mesmo sexo, que dá aos casais homossexuais os mesmos direitos patrimoniais dos casais heterossexuais e que representou uma importante conquista para a luta dos movimentos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros - LGBT.
Uma esmagadora maioria de juízes do Supremo Tribunal Federal reconheceu a união civil entre homossexuais. Foi emocionante. Segundo a reportagem:
"O artigo 226 da Constituição Federal e o artigo 1.723 do Código Civil reconhecem a união estável entre homem e mulher, dando a eles direitos como herança, pensão por morte ou separação, declaração compartilhada do Imposto de renda (IR), entre outros. Nada falam sobre casais homossexuais. No entanto, a Constituição tem, entre seus princípios fundamentais, a dignidade da pessoa humana, o direito à liberdade, à igualdade e o veto ao preconceito."
A reportagem do Portal G1 (05/05/2011), destaca que "De acordo com o Censo Demográfico 2010, o país tem mais de 60 mil casais homossexuais, que podem ter assegurados seus direitos como herança, comunhão parcial de bens, pensão alimentícia e previdenciária, licença médica, inclusão do companheiro como dependente em planos de saúde, entre outros beneficiários."

Violência contra lésbicas. Lesbofobia é o sentimento de aversão, repulsa ou ódio por lésbicas. Em alguns países esse ódio é tanto que lésbicas sofrem o chamado estupro "corretivo", como na reportagem "Mulheres homossexuais sofrem "estupro corretivo" na África do Sul". Os homens que atacam essas mulheres alegam que estão "ensinando uma lição". Mas é importante registrar que isso acontece em muitos lugares e não somente em países da África.
A lesbofobia pode aparecer de diversas formas, com frases que discriminam, gestos que segregam as pessoas, com a violência física como no caso do estupro corretivo, com o abandono sofrido por  lésbicas por parte de seus familiares, enfim, são inúmeros os exemplos pra falar sobre lesbofobia e a luta dos movimentos LGBT é para que um dia isso seja considerado crime, previsto em Lei.
Como podemos ver, são muitas as razões para seguir lutando.  
Para terminar, deixo o trailer do filme "Como Esquecer" (2010, direção Malu de Martino), baseado no livro homônimo de Myrian Capello, que conta a história de Júlia (Ana Paula Arósio), uma mulher angustiada e desiludida com um amor que se acaba. Vale a pena assistir.




           


Esse post faz parte da blogagem coletiva das Blogueiras Feministas pelo Dia Nacional da Visibilidade Lésbica.: 29 de Agosto.



Sobre o tema leia mais:
Diversidade sexual e homofobia no Brasil: Intolerância e respeito às diferenças sexuais
Livro "Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil", de Gustavo Venturi e Vilma Bokany (Orgs.), publicado pela Editora Fundação Perseu Abramo, em 2011.

domingo, 21 de agosto de 2011

Clube do Bolinha


  • Foto: Google


    É grande a presença das mulheres na academia, nas pesquisas e nas instituições científicas, embora isso não queira dizer que sejam pequenos os obstáculos e dificuldades enfrentados pelo sexo feminino nesse universo. Nós mulheres ainda somos a minoria quando se fala em postos de comando de agências de fomento, comitês assessores e nas reitorias das universidades.

    No dia 11 de julho a presidenta Dilma Roussef entregou a cinco pesquisadores brasileiros o Prêmio Anísio Teixeira. A solenidade fez parte das comemorações dos 60 anos da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). 

    Não acredito que entre tantas cientistas brasileiras não houvesse uma única mulher em condições de receber um dos Prêmios Anísio Teixeira. Segundo o site da Capes, a cada cinco anos se escolhe os agraciados, e é uma homenagem ao intelectual baiano que difundiu o papel transformador da educação e da escola para a construção da sociedade moderna e democrática.      

    Cerimônia de entrega do Prêmio Aniso Teixeira
    Foto: ACS/Capes (http://www.capes.gov.br


    Certamente esse fato não causa espanto a uma determinada parcela da comunidade científica. A favorecida, pois como se pode ver as mulheres são quase metade dos pesquisadores, mas estão distribuídas desigualmente:

                                               Distribuição por gênero (Foto: Editoria de Arte/G1)


    No Brasil, por exemplo, embora hoje as mulheres componham metade do total de pesquisadores, sua distribuição é desigual dentro das grandes áreas de conhecimento. No campo de linguística, letras e artes, elas chegam a 67% e nas ciências da saúde, a 60%. Nas ciências exatas, porém, são apenas 33% e nas engenharias, 26%. Os dados são do estudo “A participação feminina na pesquisa: presença das mulheres nas áreas do conhecimento”, conduzido por Isabel Tavares, coordenadora da área de iniciação científica do CNPq. Ela se baseou em números de 2006 do Diretório de Grupos de Pesquisa (DGP) da instituição, da Plataforma Lattes e da Coleta/Capes.

    matéria segue afirmando que as circunstâncias são adversas para as mulheres, como mostra o trecho abaixo: "Pelo contrário, um número crescente de pesquisas sugere que homens e mulheres enfrentam circunstâncias dessemelhantes para construir suas trajetórias na pesquisa. Essas diferenças muitas vezes se traduzem sob a forma de condições menos favoráveis para que elas construam suas carreiras. Para superá-las, pode ser necessário mudar a dinâmica do modo de trabalho do cientista".
    Como se pode ver, somos muitas, somos a maioria no país e seguimos discriminadas. Pelo fim da violência contra as mulheres.

    Saiba mais:

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Margaridas espalham esperança para as mulheres de todo o Brasil.

E as Margaridas pararam o trânsito! Um mar de mulheres de todo o Brasil espalhadas em Brasília. As mulheres tomaram conta da Esplanada dos Ministérios, vindas de todos os recantos desse país.
Foto: Marcelo Casal Jr. ABr.

Antes de seguir em Marcha, as Margaridas acampadas no Pavilhão do Parque da Cidade, tomaram café da manhã e saíram em direção ao Eixo Monumental, passando pelo Centro de Convenções. Veja a reportagem:


Reportagem a seguir



Margaridas em Brasília
Foto: Suely Oliveira

  Leia mais aqui sobre a Marcha das Margaridas 2011. E também aqui.



Foto: Suely Oliveira

Marcha das Margaridas reúne milhares em Brasília
As Margaridas coloriram a Esplanada dos Ministérios e apresentaram suas reivindicações,
para que todo o Brasil pudesse ouvir. E para que o Governo Federal as implementasse.



Foto: Suely Oliveira
Margaridas descansam
Foto: Suely Oliveira
                                                                         
Jovens Margaridas - Louise Cardoso (chapeu branco)
Foto: Suely Oliveira

Você encontra mais fotos na página do Facebook da Marcha das Margaridas: https://www.facebook.com/Marchadasmargaridas

Ou em minha página, que tem um álbum da Marcha das Margaridas: https://www.facebook.com/profile.php?id=1836649424





terça-feira, 16 de agosto de 2011

2011 motivos para seguir marchando

A Marcha das Margaridas é a  maior mobilização de trabalhadoras rurais da América Latina. É a ação mais contundente dos movimentos de mulheres e feministas.

Margarida Alves


A marcha das mulheres trabalhadoras rurais recebeu o nome de Marcha das Margaridas, em homenagem à líder sindical Margarida Maria Alves, que foi brutalmente assassinada no dia 12 de agosto de 1983, pelos latifundiários do Grupo Várzea, em Alagoa Grande, município da Paraíba.
Margarida Alves é um símbolo muito forte para as trabalhadoras rurais, que lutam por justiça, pelo direito à terra, por dignidade no campo e por igualdade.
Margarida é também um exemplo de resistência da luta das mulheres, pois conseguiu ocupar bravamente a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande, um espaço majoritariamente masculino.

A Marcha das Margaridas acontece há quatro anos e  é a maior mobilização das mulheres trabalhadoras do campo e da floresta e tem como objetivo organizar, mobilizar e formar as trabalhadoras rurais. Elas lutam para que  as mulheres do campo e da floresta sejam protagonistas de um novo processo de desenvolvimento rural. A Marcha é promovida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores (e Trabalhadoras) na Agricultura - CONTAG - que representa 27 federações e 4 mil sindicatos.

Cartaz da Marcha Mundial das Mulheres - 2011

          São algumas das conquistas da Marcha das Margaridas:
  • Criação do Programa Nacional de Documentação da Mulher Trabalhadora Rural - PNDMTR
  • Fortalecimento do PNDTR com ações educativas e unidades móveis em alguns estados
  • Titulação Conjunta Obrigatória - Edição da Portaria 981 de 02 de outubro de 2003
  • Revisão dos critérios de seleção de famílias cadastradas para facilitar o acesso das mulheres a terra
  • Edição da IN 38 de 13 de março de 2007 - normas para efetivar o direito das trabalhadoras rurais ao Programa Nacional de Reforma Agrária, dentre elas a prioridade às mulheres chefes de família.
  • Capacitação de servidores do INCRA sobre legislação e instrumentos para o acesso das mulheres a terra
  • Formação do Grupo de Trabalho (GT) sobre Gênero e Crédito  e a Criação do Pronaf Mulher
  • Criação do crédito instalação para mulheres assentadas
  • Declaração de Aptidão ao Pronaf  em nome do casal
  • Ações de Capacitação sobre Pronaf - Ciranda do Pronaf e Capacitação em Políticas Públicas
  • Inclusão da abordagem de gênero na Política Nacional de Ater e da ATER para Mulheres
  • Apoio ao protagonismo das mulheres trabalhadoras nos territórios rurais
  • Criação do Programa de Apoio a Organização Produtiva das Mulheres
  • Apoio para a  realização de Feiras para comercialização dos produtos dos grupos de mulheres

 Esse ano a Marcha das Margaridas acontece nos dias 16 e 17 de agosto, em Brasília, onde espera-se mais de 70 mil mulheres de todo o Brasil. Esta é a quarta edição da Marcha que este ano incorporou as reivindicações das mulheres das cidades. E eu estou aqui para conferir. Amanhã eu também vou marchar.
  
Para saber mais consulte as fontes:



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Dia do orgulho heterossexual é a legitimidade da homofobia.

Comercial da Duloren (terramagazien.com.br (Reprodução)
As notícias não são boas. Primeiro veio a polêmica sobre a campanha da Duloren que resolveu convidar  o deputado homofóbico deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ) para participar de um comercial de peças íntimas ao lado da transexual Ariadna integrante da última edição do Big Brother Brasil. 
Segundo O Globo o deputado declinou do convite mas recuou quando a fábrica de lingerie resolveu trocar a modelo por uma  mulher e divulgou que doaria o cachê para uma instituição de caridade. Ele queria aparecer. A Duloren queria polemizar e vender. O movimento LGBT (e as feministas) por meio das redes sociais articularam um boicote à Duloren. 
"A notícia de que a Duloren convidou o polêmico deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) para ser garoto-propaganda movimentou a web e detonou a revolta de alguns internautas, que ameaçaram boicotar a marca. Hashtags chegaram a ser criadas no Twitter em sinal de protesto". (Ana Claudia Barros). O boicote parece que surtiu efeito. O presidente da Duloren, Roni Argalji em entrevista afirmou que "Quem ataca Bolsonaro na Duloren tem cabeça de ameba"
"Isso é iniciativa de gente que não tem opinião. Só porque eu, Roni, sou a favor ou sou contra ou não tenho opinião a favor ou contra vão me boicotar? Isso é coisa de gente com QI de ameba, gente burra, gente ignorante que não tem o que fazer. Uma pessoa, que tem sua opinião e sabe que o outro tem direito a seu pensamento, não vai entrar numa idiotice, numa infantilidade dessa".

No meio da polêmica, quando nem bem o movimento LGBT se recuperava dessa, aí vem o Orgulho Hetero. A Câmara de São Paulo aprovou nesta 3a.feira 02 de agosto de 2011, o projeto de lei 294/2005 do vereador Carlos Apolinário (DEM) que institui o Dia do Orgulho Heterossexual. Ainda espera a sanção do prefeito Gilberto Kassab para virar lei. Se aprovado, a data será comemorada todo terceiro domingo do mês de dezembro e o texto diz que caberá à prefeitura de São Paulo "conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes".

 Foto: Google
O Brasil é um dos países que mais mata homossexuais. Todos os dias, basta um olhar rápido pelos principais jornais para ver a notícia de algum caso de homofobia no país. Segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB) "o Brasil é campeão mundial de crimes contra LGBT: um assassinato a cada dois dias, aproximadamente 200 crimes por ano, seguido do México com 35 homicídios e os Estados Unidos com 25". E certamente há uma subnotificação de dados. As pesquisas são baseadas em notícias da mídia, já que não existem informações oficiais sobre esse tipo de crime no Brasil. 
Segundo O Globo, "De acordo com pesquisas realizadas nas paradas gays de Rio, São Paulo, Recife. Porto Alegre e Belém, entre 2003 e 2008, pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos, o número de homossexuais agredidos e/ou discriminados nessas regiões não é inferior a 59,9%. Em Pernambuco, 79,8% disseram ter sido agredidos. E, em São Paulo, 72,1% foram vítimas de discrminação".
Andar de mãos dadas, demonstrar carinho e intimidade são motivos para que casais homossexuais sejam agredidos, humilhados e até assassinados.
Por isso, eu digo: esse Dia do Orgulho Heterossexual é a legitimidade da homofobia.

Veja também:
Homorrealidade
Panfleto de Bolsonaro expõe fotos e ataca líderes gays
Câmara de São Paulo aprova Dia do Orgulho Hetero
"Meu cabelereiro é gay", se defende vereador do dia do orgulho hetero.